terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sobre coisas que eu costumo ouvir


Hoje eu ouvi um belo: “Garota, você é anormal”, de um garoto do meu curso que eu converso a um ano .
Como eu sou educada, doce e fofa (só que não), eu perguntei: “Por que“ ?
E ele responde: “Você é tão doce e tão máscula ao mesmo tempo, você diz coisas tão feias para uma mulher dizer, mas se porta e parece uma garota normal.”
Como eu sabia que ele era um idiota e como eu o tenho no facebook eu não vou usar um adjetivo pior para descrevê-lo, eu simplesmente sorri e disse: “É porque você não sabe NADA sobre mim”.
Então esse texto perde todo o seu contexto e para de condizer ao título: “Sobre coisas que eu costumo ouvir.”, e torna-se:



“Sobre pessoas normais, ou quase...”

Eu,Jenifer Domingues, 17 anos, Paulistana e apenas mais uma das 7 bilhões de pessoas do mundo,SOU NORMAL.
Não sou normal como a sociedade vê, não sou normal como a minha família vê, não sou normal na visão religiosa, mas me acho muito normal. E por sinal, vou muito bem, OBRIGADA!
Eu compreendi exatamente o que meu querido amigo idiota acima tentou dizer sobre mim. Mas, não concordei.
Eu sei que não posso me descrever, porque afinal quem se descreve se limita, mas eu sei o que eu penso e o que eu falo, não nessa sequência, por que geralmente eu falo sem pensar.
O que eu quero dizer é que nenhum ser humano pode descrever o que é “normal” e o que não é.
Quando eu falo sobre sexo, feminismo, rúgbi e homens nus, eu não estou sendo normal para a minha família, mas meus amigos não vêem problemas e me acolhem como igual.
Quando eu falo que a virgindade é uma criação social, a sociedade vai me chamar de vadia, minha mãe vai tirar meu nome do testamento e meu pai talvez me bata , mas minhas amigas bem resolvidas vão concordar e gritar bem alto : “ O CORPO É MEU,E FAÇO DELE O QUE EU QUERO “.
Quando eu me visto com roupas largadas, eu sou feia. Quando eu me visto com roupas justas, eu sou gostosa.
Engraçado como a sociedade (na verdade os figurantes ) que a compõem escolhem o que é normal,e o que não é normal. O que é certo e o que não é.
Vista suas roupas, monte sua ideologia e saia às ruas, e aí?
Você escolheu ser normal hoje aos olhos de quem?
De mim?
De você?
De Deus?
Da população?
Ontem, eu escolhi ser a Jenifer “diferente”, fiz mais amigos talvez, mas ser a diferente cansa...
Então, por hoje eu vou ficar bem feliz e ser a “anormal” que beija de jeito afoito, tem teses feministas, sabe todas as frases do Bakunin, veste camiseta rasgada de banda, e não se importa com que o que você tem a dizer.
Eu mudei, porque eu precisava mudar e estou muito bem assim.
Mas isso não significa que eu tenha deixado de andar de meias pela casa, ou tenha parado de ler minhas HQs eróticas ( HEAVY METAL WINS ! )  ou que eu tenha parado de ver meus homens escoceses jogando rúgbi.
Têm uma coisa que se chama essência, e outra que se chama aparência.
Eu escolhi deixar minha essência aparecer... E você?
Aliás, eu não sou uma anormal, na verdade depende do seu ponto de vista, e se eu for tudo bem para mim... Ser uma anormal é melhor do que ser você. 

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